domingo, 13 de novembro de 2016

"você nunca mais será a mesma"

Em todas as ultrassonografias que fiz, os médicos comentam como Miguel está maior que o percentual esperado pra sua idade gestacional. Eu fico orgulhosa por que sou neta de Dona Dadá e tenho aquela ilusão de que criança saudável é criança gordinha.
Outro fato é que todo mundo sabe da minha predileção pelo parto normal. Mais do que isso, quem perdeu tempo conversando um pouco comigo sabe que faço questão de trazer meu filho ao mundo da maneira mais natural possível.
No começo muita gente ficou assustada. É quase como se eu dissesse que aos nove meses de gestação pretendo escalar o Everest. Muita gente duvida, muita gente me põe medo. Eu tento levar pro pessoal, mas queria dizer que percebo todas as tentativas de me desencorajar e isso não é legal.
Enfim... Tudo isso pra dizer que ultimamente quando me perguntam sobre Miguel eu digo feliz que ele está bem, se mexe muito e tá bem gordinho! O engraçado é que hoje pela terceira vez, alguém reagiu a essa informação dizendo algo como "e você ainda quer ter um parto normal? nooossa, vai fazer um estrago lá em baixo".
Hahahahahaha
Ai, gente. Vamos ter mais pudor ao falar das partes íntimas dos outros.
Sou mocinha comprometida e sabe quem é a única pessoa que não se preocupa nem um pouco com essa questão?
Rafael.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

a maior novidade do mundo

eu estou grávida.
essa é uma enorme novidade, mas também é notícia velha uma vez que pelos cálculos médicos essa gestação já tem 24 semanas e alguns dias.
muita gente, eu inclusa, se confunde com essa contagem médica em semanas. também prefiro falar em meses. são 6 meses.
e parece que já foi uma vida inteira.

...

sempre gostei de escrever e quero deixar aqui registrado para lembrar depois, um pouco sobre a minha gravidez.
começo com atraso, por isso vou narrando as impressões dos primeiros três meses.
outra hora falo sobre o que estou sentindo agora.

...

não precisei de muito tempo pra descobrir a gravidez.
por outro lado, precisei de muito tempo pra entender, pra aceitar.

...

um namoro de poucos meses, com um cara que conheço a anos, de quem não conseguia desgrudar por muitos dias.
após um breve período me atrapalhando toda com os métodos contraceptivos, estava lavando a louça no apê de Rafa quando ele me questionou:
"gatinha, quando você vai fazer o teste de gravidez?"
eu não poderia ter sido mais surpreendida
"por que eu faria?
"..."
"só atrasou um dia e eu tomei o remédio todo errado esse mês"
"se eu fosse você faria"
"vai descer"
"você não teve TPM esse mês"
vê? eu não me apaixonei a toa.
Rafa tem esse jeitinho tranquilo, meio alheio. mas ele é surpreendente. bobo é quem acredita na fachada. Rafa me olha como ninguém, repara direitinho. ele dá conta de tudo, só é esperto demais pra gastar energia com qualquer coisa.
tenho tanto a aprender com ele...
mas enfim. é óbvio que esse papo me deixou apreensiva. pensei "agora vou ter que comprar o teste de qualquer maneira, que tensa desse jeito a menstruação não vai descer"
por que eu tinha certeza, né? que dali a poucos dias a menstruação viria.
nunca tinha engravidado antes, por que agora?
chega a ser engraçado lembrar disso.

daí que eu dormi na casa dele aquele dia, pra variar. e antes de dormir combinamos que entre uma aula e outra da manhã, ele passaria na farmácia e me traria o teste.

no dia seguinte fui acordada com um beijinho e a pergunta "já fez xixi hoje?". levantei num pulo.
Rafa havia comprado aquele teste mais carinho, diferente. mas o procedimento era o mesmo: urinar no bastão e esperar alguns minutos pelo resultado.
já sozinha no banheiro, não precisei esperar um minuto sequer. foi instantâneo. xixi no bastão, ato contínuo duas listras vermelhas formando uma cruz apareceram no visor.
o que caralhos significava aquilo?
"amooor, me dá o gabarito desse troço"
e nossa, eu pensei que ia desmaiar.
corri pra cama por que minhas pernas tremiam. fui invadida por um pânico que me fez esquecer inclusive o motivo de estar chorando. tirei o rosto do travesseiro, olhei pra Rafael, meu namorado, a pessoa mais tranquila do universo que me olhava como se lidasse com uma coisa dessas todos os dias
"respira, gatinha. tenha calma. não fica assim, vamos conversar?"
e olha, nós conversamos, viu. durante horas. durante dias.
todo noite antes de dormir, por uma ou duas semanas.
muitas decisões foram tomadas naquela cama que já era um pouco minha de tanto que eu ficava por lá.
até que um dia a gente não tinha mais tanto o que ponderar. só reconhecer.
"eu te amo"
"eu também. muito"
e assim decidimos.

fomos contando para as pessoas aos poucos. depois de um mês. ou mais.
minha rotina já estava impraticável. não sei como ninguém desconfiou antes.
parei de beber, parei de comer, parei de sair de casa. aliás, eu nem sabia mais onde era a minha casa.
precisava ficar perto de Rafa e só ia na casa dos meus avós pra mostrar que estava viva e pegar umas roupas limpas.
ok, eles devem ter percebido.
eu só vomitava e chorava. chorava de fome. chorava por que não é legal sentir enjoo da hora que acorda a hora que vai dormir. chorava por que estava descontrolada. chorava de medo. chorava por que sim. chorava por que não.
perdi 3 quilos e o meu primeiro sentimento pelo bebê que me habitava apareceu aí.
fiquei preocupada com ele. "ai meu deus, será que ele tá passando fome?"
infelizmente biologia não é o meu forte. felizmente esse bebê tem pai e ele sim, é um gênio (não só no campo das ciências biológicas).
"o bebê tá ótimo, gatinha. ruim tá você com tanto enjoo, vamos no hospital pra você não desidratar".
e foi assim que virei sócia da Promater! bati ponto lá toda semana, pra tomar soro por que mal conseguia me alimentar.
fui também pra minha primeira consulta pré-natal.
Rafa não tinha horário disponível, estava trabalhando. como não queria ir sozinha levei Julia, melhor amiga da vida. e foi gostoso demais.
a obstetra me tratou como se eu fosse a primeira gestante que ela viu na vida. a consulta foi uma festa!
eu sorri o tempo inteiro, fiz um monte de perguntas e percebi que estava empolgada com a idéia.
fui contaminada pela alegria de Julia, pela alegria da médica... pela minha própria alegria que estava escondida esperando a hora certa de aparecer.
sai de lá com receita para comprar ácido fólico e a solicitação de uma bateria de exames.
tava acontecendo mesmo. uau!

...

o primeiro trimestre foi assim como eu falei.
dia 30 de maio fiz o teste de farmácia e o exame de sangue para confirmar.
deste dia em diante fiquei no colo de Rafa, levando um bom tempo pra entender.
as vezes parece que ele lidou melhor com tudo isso, esteve pronto mais rápido. mas até hoje desconfio que ele se forçou a isso pra me apoiar, pra transmitir a segurança que eu precisava.
de todo modo, foi um período de preparação emocional, mesmo.
levamos o tempo que precisamos pra contar as pessoas, para tomar qualquer outra providência, aliás.
fora isso, não sei como sobrevivi a tanto enjoo e tão pouca comida.
também fui a algumas consultas pré natais. mostrei meus exames e fiz uma ultrassonografia. ah ultra ssonografia!!!! a primeira. ia esquecendo. o nome é translucência nucal e mostra se o bebê tem alguma síndrome ou anomalia cromossômica, entre outras interessâncias.
dessa vez eu fui sozinha. a clínica se confundiu com os horários. me ligaram de ultima hora, uma confusão daquelas que só eu tenho a sorte de viver.
cheguei lá ansiosa e esbaforida. pra completar a médica que fez o ultrassom bagunçou a minha cabeça:
"quantas semanas de gestação?"
"pela última menstruação eu tô com 13 semanas"
"certeza?"
"é, ué"
"pois aqui parece mais. seu bebê é enorme. não vou poder medir a nuca, mas ele está bem, viu?
já tô vendo até o sexo. quer saber?"
"oi?"
"é menino"
AI MEU DEUS.
eu fiquei toda derretida vendo aqueles vultos na tela, a médica se esforçou pra me explicar o que tava acontecendo mas eu confesso que não entendi nada, não reconheci nada. apenas me contentei com o comentário final "tá tudo bem com seu bebê. e é mesmo um menino!"
liguei imediatamente pra Rafa. "é um menininho, amor"
nós vamos ter um menino.
contamos a todo mundo! foi um dia muito feliz.

...

junho... julho....
fim do primeiro trimestre.
finalmente melhorando dos enjoos.
sexo do bebê sabido. nome do bebê escolhido.
vai se chamar Miguel!
decidimos morar juntos. outro endereço. não caberíamos os três no apê de Rafa.
um fim de semana de mudanças e... cá estamos. numa casinha nova.
o chororô passou. agora a gente faz graça e é feliz todo dia.
Miguel tá chegando...

em breve falo sobre o segundo trimestre.



domingo, 13 de novembro de 2016

"você nunca mais será a mesma"

Em todas as ultrassonografias que fiz, os médicos comentam como Miguel está maior que o percentual esperado pra sua idade gestacional. Eu fico orgulhosa por que sou neta de Dona Dadá e tenho aquela ilusão de que criança saudável é criança gordinha.
Outro fato é que todo mundo sabe da minha predileção pelo parto normal. Mais do que isso, quem perdeu tempo conversando um pouco comigo sabe que faço questão de trazer meu filho ao mundo da maneira mais natural possível.
No começo muita gente ficou assustada. É quase como se eu dissesse que aos nove meses de gestação pretendo escalar o Everest. Muita gente duvida, muita gente me põe medo. Eu tento levar pro pessoal, mas queria dizer que percebo todas as tentativas de me desencorajar e isso não é legal.
Enfim... Tudo isso pra dizer que ultimamente quando me perguntam sobre Miguel eu digo feliz que ele está bem, se mexe muito e tá bem gordinho! O engraçado é que hoje pela terceira vez, alguém reagiu a essa informação dizendo algo como "e você ainda quer ter um parto normal? nooossa, vai fazer um estrago lá em baixo".
Hahahahahaha
Ai, gente. Vamos ter mais pudor ao falar das partes íntimas dos outros.
Sou mocinha comprometida e sabe quem é a única pessoa que não se preocupa nem um pouco com essa questão?
Rafael.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

a maior novidade do mundo

eu estou grávida.
essa é uma enorme novidade, mas também é notícia velha uma vez que pelos cálculos médicos essa gestação já tem 24 semanas e alguns dias.
muita gente, eu inclusa, se confunde com essa contagem médica em semanas. também prefiro falar em meses. são 6 meses.
e parece que já foi uma vida inteira.

...

sempre gostei de escrever e quero deixar aqui registrado para lembrar depois, um pouco sobre a minha gravidez.
começo com atraso, por isso vou narrando as impressões dos primeiros três meses.
outra hora falo sobre o que estou sentindo agora.

...

não precisei de muito tempo pra descobrir a gravidez.
por outro lado, precisei de muito tempo pra entender, pra aceitar.

...

um namoro de poucos meses, com um cara que conheço a anos, de quem não conseguia desgrudar por muitos dias.
após um breve período me atrapalhando toda com os métodos contraceptivos, estava lavando a louça no apê de Rafa quando ele me questionou:
"gatinha, quando você vai fazer o teste de gravidez?"
eu não poderia ter sido mais surpreendida
"por que eu faria?
"..."
"só atrasou um dia e eu tomei o remédio todo errado esse mês"
"se eu fosse você faria"
"vai descer"
"você não teve TPM esse mês"
vê? eu não me apaixonei a toa.
Rafa tem esse jeitinho tranquilo, meio alheio. mas ele é surpreendente. bobo é quem acredita na fachada. Rafa me olha como ninguém, repara direitinho. ele dá conta de tudo, só é esperto demais pra gastar energia com qualquer coisa.
tenho tanto a aprender com ele...
mas enfim. é óbvio que esse papo me deixou apreensiva. pensei "agora vou ter que comprar o teste de qualquer maneira, que tensa desse jeito a menstruação não vai descer"
por que eu tinha certeza, né? que dali a poucos dias a menstruação viria.
nunca tinha engravidado antes, por que agora?
chega a ser engraçado lembrar disso.

daí que eu dormi na casa dele aquele dia, pra variar. e antes de dormir combinamos que entre uma aula e outra da manhã, ele passaria na farmácia e me traria o teste.

no dia seguinte fui acordada com um beijinho e a pergunta "já fez xixi hoje?". levantei num pulo.
Rafa havia comprado aquele teste mais carinho, diferente. mas o procedimento era o mesmo: urinar no bastão e esperar alguns minutos pelo resultado.
já sozinha no banheiro, não precisei esperar um minuto sequer. foi instantâneo. xixi no bastão, ato contínuo duas listras vermelhas formando uma cruz apareceram no visor.
o que caralhos significava aquilo?
"amooor, me dá o gabarito desse troço"
e nossa, eu pensei que ia desmaiar.
corri pra cama por que minhas pernas tremiam. fui invadida por um pânico que me fez esquecer inclusive o motivo de estar chorando. tirei o rosto do travesseiro, olhei pra Rafael, meu namorado, a pessoa mais tranquila do universo que me olhava como se lidasse com uma coisa dessas todos os dias
"respira, gatinha. tenha calma. não fica assim, vamos conversar?"
e olha, nós conversamos, viu. durante horas. durante dias.
todo noite antes de dormir, por uma ou duas semanas.
muitas decisões foram tomadas naquela cama que já era um pouco minha de tanto que eu ficava por lá.
até que um dia a gente não tinha mais tanto o que ponderar. só reconhecer.
"eu te amo"
"eu também. muito"
e assim decidimos.

fomos contando para as pessoas aos poucos. depois de um mês. ou mais.
minha rotina já estava impraticável. não sei como ninguém desconfiou antes.
parei de beber, parei de comer, parei de sair de casa. aliás, eu nem sabia mais onde era a minha casa.
precisava ficar perto de Rafa e só ia na casa dos meus avós pra mostrar que estava viva e pegar umas roupas limpas.
ok, eles devem ter percebido.
eu só vomitava e chorava. chorava de fome. chorava por que não é legal sentir enjoo da hora que acorda a hora que vai dormir. chorava por que estava descontrolada. chorava de medo. chorava por que sim. chorava por que não.
perdi 3 quilos e o meu primeiro sentimento pelo bebê que me habitava apareceu aí.
fiquei preocupada com ele. "ai meu deus, será que ele tá passando fome?"
infelizmente biologia não é o meu forte. felizmente esse bebê tem pai e ele sim, é um gênio (não só no campo das ciências biológicas).
"o bebê tá ótimo, gatinha. ruim tá você com tanto enjoo, vamos no hospital pra você não desidratar".
e foi assim que virei sócia da Promater! bati ponto lá toda semana, pra tomar soro por que mal conseguia me alimentar.
fui também pra minha primeira consulta pré-natal.
Rafa não tinha horário disponível, estava trabalhando. como não queria ir sozinha levei Julia, melhor amiga da vida. e foi gostoso demais.
a obstetra me tratou como se eu fosse a primeira gestante que ela viu na vida. a consulta foi uma festa!
eu sorri o tempo inteiro, fiz um monte de perguntas e percebi que estava empolgada com a idéia.
fui contaminada pela alegria de Julia, pela alegria da médica... pela minha própria alegria que estava escondida esperando a hora certa de aparecer.
sai de lá com receita para comprar ácido fólico e a solicitação de uma bateria de exames.
tava acontecendo mesmo. uau!

...

o primeiro trimestre foi assim como eu falei.
dia 30 de maio fiz o teste de farmácia e o exame de sangue para confirmar.
deste dia em diante fiquei no colo de Rafa, levando um bom tempo pra entender.
as vezes parece que ele lidou melhor com tudo isso, esteve pronto mais rápido. mas até hoje desconfio que ele se forçou a isso pra me apoiar, pra transmitir a segurança que eu precisava.
de todo modo, foi um período de preparação emocional, mesmo.
levamos o tempo que precisamos pra contar as pessoas, para tomar qualquer outra providência, aliás.
fora isso, não sei como sobrevivi a tanto enjoo e tão pouca comida.
também fui a algumas consultas pré natais. mostrei meus exames e fiz uma ultrassonografia. ah ultra ssonografia!!!! a primeira. ia esquecendo. o nome é translucência nucal e mostra se o bebê tem alguma síndrome ou anomalia cromossômica, entre outras interessâncias.
dessa vez eu fui sozinha. a clínica se confundiu com os horários. me ligaram de ultima hora, uma confusão daquelas que só eu tenho a sorte de viver.
cheguei lá ansiosa e esbaforida. pra completar a médica que fez o ultrassom bagunçou a minha cabeça:
"quantas semanas de gestação?"
"pela última menstruação eu tô com 13 semanas"
"certeza?"
"é, ué"
"pois aqui parece mais. seu bebê é enorme. não vou poder medir a nuca, mas ele está bem, viu?
já tô vendo até o sexo. quer saber?"
"oi?"
"é menino"
AI MEU DEUS.
eu fiquei toda derretida vendo aqueles vultos na tela, a médica se esforçou pra me explicar o que tava acontecendo mas eu confesso que não entendi nada, não reconheci nada. apenas me contentei com o comentário final "tá tudo bem com seu bebê. e é mesmo um menino!"
liguei imediatamente pra Rafa. "é um menininho, amor"
nós vamos ter um menino.
contamos a todo mundo! foi um dia muito feliz.

...

junho... julho....
fim do primeiro trimestre.
finalmente melhorando dos enjoos.
sexo do bebê sabido. nome do bebê escolhido.
vai se chamar Miguel!
decidimos morar juntos. outro endereço. não caberíamos os três no apê de Rafa.
um fim de semana de mudanças e... cá estamos. numa casinha nova.
o chororô passou. agora a gente faz graça e é feliz todo dia.
Miguel tá chegando...

em breve falo sobre o segundo trimestre.