quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

segundo trimestre

estou voltando aqui para registrar o meu segundo trimestre de gestação, o período mais estranho, inconvenientemente tranquilo, que sucede o susto da descoberta e precede a intensidade da reta final.
é que depois que eu descobri que havia um menininho dentro de mim, mudou tudo na minha vida, na minha cabeça, no meu coração, no meu estado civil e até no meu endereço.
eu não sou mais uma estudante dedicada, nem uma estagiária esforçada. também não sou mais a neta que mora com os avós, a amiga que fica até tarde na balada, nem apenas a namoradinha de Rafael.
passei a ser alguém que vai pra aula quando dá, que não recebe mais bolsa de estágio e nem de pesquisa (um oferecimento governo Temer, obrigada paneleiros!). vim morar numa casinha que tá ficando cada dia mais bonita (um oferecimento do melhor sogro do mundo, obrigada vô de Miguel!) e todo dia escuto ou pergunto “quer casar comigo?” de um Rafael que por vezes responde “a gente já tá casado”, mas que já aprendeu que não importa, eu preciso fazer uma festa e tirar fotos disso assim que possível.
mas sabe? depois que tudo mudou as coisas se acalmaram bastante e eu fiquei... ué.
quer dizer, quem sou eu pra criticar mas acho que nove meses é tempo demais, viu? deu tempo pra a gente descobrir, aceitar, avisar a todo mundo, mudar de casa, de trabalho. deu tempo de fazer um monte de exame, descobrir o sexo do bebê, escolher nome, de fazer festa na casa nova e a barriga nem sequer aparecia! que judiação!
aliás, não sei o que me deu mas senti uma tristeza profunda quando os enjôos passaram por que eu os odiava mas veja bem, sem eles, nada mais me lembrava que eu estava esperando o meu filhinho.
pra se ter idéia, uma noite aqui em casa, pouco antes de dormir:
“amor, tô com saudade do bebê”
“de quem?”
“de Miguel”
“gatinha, você sabe que ele tá aí dentro de você, né?”
sabia. sei. mas saber não basta, né? eu precisava de um pouco mais de interação.
de modos que resolvemos a questão da maneira mais sensata possível: sempre que podia eu inventava algum sintoma só pra ir na maternidade e ser consultada por um ginecologista na urgência, por que eles tem um aparelhinho mágico que encosta na barriga e você escuta os batimentos cardíacos do bebê. é maravilhoso! e com o tempo, depois de muitas idas você acaba descobrindo que em certos horários e fazendo o drama correto, é possível convencer o médico a fazer uma ultrassonografia de emergência onde você não só escuta o coraçãozinho como vê o filhotinho se mexendo todo dentro da pança! recomendo muitíssimo.
enfim... houve uma melhora considerável nos enjoos, eu recuperei os quilos perdidos nos primeiros meses, com o tempo até uma saliência começou a surgir, precisei comprar roupas novas.
esqueci de tirar fotos padronizadas pra fazer o acompanhamento mensal da barriga, mas passei horas me olhando no espelho alisando a barriguinha e me concentrando nela ao menor sinal de movimento que sentia.
geralmente eram gases rs.
mas teve um dia em que, já deitada na cama, esperando o sono vir, senti uma movimentação estranha que não cessava. também não vinha o peido então... eu chorei bastante.
pus a mão de Rafa na minha barriga e como ele não sentiu nada perdeu o que eu considero o primeiro movimento perceptível do nosso filhote. sério. tenho certeza de que era ele e com o começo dessas movimentação eu dei um descanso pra Rafa por que não precisei mais ir na Promater ter certeza que Miguel estava aqui.
sinto que Miguel está cada dia mais próximo de mim, mais presente, mais real. passou a fazer sentido falar com a barriga. e eu fiquei definitivamente mais lacrimosa, muito mais distraída e também mais redondinha.
não sou e nem esperava ser a grávida mais romântica do planeta, precisei mesmo que Rafa me apoiasse, que um aparelhinho me mostrasse quase que semanalmente que meu filho estava aqui dentro de mim. precisei repetir todo dia, até os ouvidos de Rafael adquirirem calos “amor, eu tô grávidaaa”. pois pra mim é mesmo difícil de acreditar.  mas não deixei de me emocionar a cada mexidinha, a cada ultrassonografia e a cada presente ganho ou roupinha comprada. aliás, quantos presentes ganhamos!! principalmente no meu aniversário, em setembro. só ganhei roupinhas e sapatinhos infantis. achei fofo.
também fiquei meio sem critérios, sem paciência, meio de TPM mesmo. achando pêlo em ovo, extorquindo declarações de amor de Rafael, revirando os olhinhos e pensando “que saco” com tanta gente dando palpite e se metendo na minha vida.
por outro lado, é muito bom perceber como uma criança que nem nasceu ainda já desperta tantos sentimentos bons em tanta gente. Eu e Rafael estamos cercados de amor! nossos amigos, nossos parentes. todo mundo quer estar mais perto, tem uma ajuda pra oferecer ou ainda um presente lindo pra dar.
isso tudo significa que continuamos felizes e em paz. uma paz meio agoniada, envolta na ansiedade da espera. mas o loooongos seis primeiros meses passaram e agora falta pouco.

veeem, Miguel.

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

segundo trimestre

estou voltando aqui para registrar o meu segundo trimestre de gestação, o período mais estranho, inconvenientemente tranquilo, que sucede o susto da descoberta e precede a intensidade da reta final.
é que depois que eu descobri que havia um menininho dentro de mim, mudou tudo na minha vida, na minha cabeça, no meu coração, no meu estado civil e até no meu endereço.
eu não sou mais uma estudante dedicada, nem uma estagiária esforçada. também não sou mais a neta que mora com os avós, a amiga que fica até tarde na balada, nem apenas a namoradinha de Rafael.
passei a ser alguém que vai pra aula quando dá, que não recebe mais bolsa de estágio e nem de pesquisa (um oferecimento governo Temer, obrigada paneleiros!). vim morar numa casinha que tá ficando cada dia mais bonita (um oferecimento do melhor sogro do mundo, obrigada vô de Miguel!) e todo dia escuto ou pergunto “quer casar comigo?” de um Rafael que por vezes responde “a gente já tá casado”, mas que já aprendeu que não importa, eu preciso fazer uma festa e tirar fotos disso assim que possível.
mas sabe? depois que tudo mudou as coisas se acalmaram bastante e eu fiquei... ué.
quer dizer, quem sou eu pra criticar mas acho que nove meses é tempo demais, viu? deu tempo pra a gente descobrir, aceitar, avisar a todo mundo, mudar de casa, de trabalho. deu tempo de fazer um monte de exame, descobrir o sexo do bebê, escolher nome, de fazer festa na casa nova e a barriga nem sequer aparecia! que judiação!
aliás, não sei o que me deu mas senti uma tristeza profunda quando os enjôos passaram por que eu os odiava mas veja bem, sem eles, nada mais me lembrava que eu estava esperando o meu filhinho.
pra se ter idéia, uma noite aqui em casa, pouco antes de dormir:
“amor, tô com saudade do bebê”
“de quem?”
“de Miguel”
“gatinha, você sabe que ele tá aí dentro de você, né?”
sabia. sei. mas saber não basta, né? eu precisava de um pouco mais de interação.
de modos que resolvemos a questão da maneira mais sensata possível: sempre que podia eu inventava algum sintoma só pra ir na maternidade e ser consultada por um ginecologista na urgência, por que eles tem um aparelhinho mágico que encosta na barriga e você escuta os batimentos cardíacos do bebê. é maravilhoso! e com o tempo, depois de muitas idas você acaba descobrindo que em certos horários e fazendo o drama correto, é possível convencer o médico a fazer uma ultrassonografia de emergência onde você não só escuta o coraçãozinho como vê o filhotinho se mexendo todo dentro da pança! recomendo muitíssimo.
enfim... houve uma melhora considerável nos enjoos, eu recuperei os quilos perdidos nos primeiros meses, com o tempo até uma saliência começou a surgir, precisei comprar roupas novas.
esqueci de tirar fotos padronizadas pra fazer o acompanhamento mensal da barriga, mas passei horas me olhando no espelho alisando a barriguinha e me concentrando nela ao menor sinal de movimento que sentia.
geralmente eram gases rs.
mas teve um dia em que, já deitada na cama, esperando o sono vir, senti uma movimentação estranha que não cessava. também não vinha o peido então... eu chorei bastante.
pus a mão de Rafa na minha barriga e como ele não sentiu nada perdeu o que eu considero o primeiro movimento perceptível do nosso filhote. sério. tenho certeza de que era ele e com o começo dessas movimentação eu dei um descanso pra Rafa por que não precisei mais ir na Promater ter certeza que Miguel estava aqui.
sinto que Miguel está cada dia mais próximo de mim, mais presente, mais real. passou a fazer sentido falar com a barriga. e eu fiquei definitivamente mais lacrimosa, muito mais distraída e também mais redondinha.
não sou e nem esperava ser a grávida mais romântica do planeta, precisei mesmo que Rafa me apoiasse, que um aparelhinho me mostrasse quase que semanalmente que meu filho estava aqui dentro de mim. precisei repetir todo dia, até os ouvidos de Rafael adquirirem calos “amor, eu tô grávidaaa”. pois pra mim é mesmo difícil de acreditar.  mas não deixei de me emocionar a cada mexidinha, a cada ultrassonografia e a cada presente ganho ou roupinha comprada. aliás, quantos presentes ganhamos!! principalmente no meu aniversário, em setembro. só ganhei roupinhas e sapatinhos infantis. achei fofo.
também fiquei meio sem critérios, sem paciência, meio de TPM mesmo. achando pêlo em ovo, extorquindo declarações de amor de Rafael, revirando os olhinhos e pensando “que saco” com tanta gente dando palpite e se metendo na minha vida.
por outro lado, é muito bom perceber como uma criança que nem nasceu ainda já desperta tantos sentimentos bons em tanta gente. Eu e Rafael estamos cercados de amor! nossos amigos, nossos parentes. todo mundo quer estar mais perto, tem uma ajuda pra oferecer ou ainda um presente lindo pra dar.
isso tudo significa que continuamos felizes e em paz. uma paz meio agoniada, envolta na ansiedade da espera. mas o loooongos seis primeiros meses passaram e agora falta pouco.

veeem, Miguel.

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